Acidente de trem na Estação Perus da CPTM completa 11 anos
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Acidente de Perus Completa 11 anos |
Texto: Diego Silva / CPTM em Foco
Há
exatos onze anos, acontecia o pior acidente da história da CPTM. Na
estação de Perus, da então Linha A (atual Linha 7-Rubi), uma composição
foi atingida por um trem desgovernado, causando a morte de nove
passageiros, e provocando ferimentos em 124 outros usuários. Até hoje,
familiares das vítimas não receberam tudo o que teriam direito, e o
tempo passa, sem qualquer resposta. A CPTM afirma ter feito acordos com
parentes de cinco mortos. O restante briga até hoje na Justiça por algum
benefício, assim como pelo menos metade dos feridos.
Foto: O estado de São Paulo (28.07.2000)
Segundo
laudo da perícia, e da sindicância realizada pela CPTM na época, foi
apontada culpa do maquinista Osvaldo Pierucci, que não teria tentado
calçar o trem, que começou a se locomover da estação Jaraguá. A
composição, da série 1700 (unidade 1740), estava estacionada sentido
Francisco Morato, e como trata-se de um trecho de descida, começou a se
locomover, onde houve perda do controle. Tudo isso causado graças à uma
queda no fornecimento de energia elétrica (algo que era comum na época).
O procedimento padrão seria calçar o trem, a fim de evitar sua
movimentação involuntária. Mas não havia calços no trem, o que fez com
que a composição de construção Mafersa entrasse em movimento (seus
freios não foram capazes de segurar a composição).
O
trem 1740 iniciou o movimento, e ganhou velocidade no trecho entre
Jaraguá e Perus, que tem cerca de 5 quilômetros. Ao apontar na curva de
Perus, estava estacionado o trem da série 1100 (unidade 1103-1118), que
foi fatalmente atingido, sem que houvesse tempo de retirar os usuários
da composição 1103, mesmo após os pedidos desesperados do maquinista
Pierucci através do rádio, em comunicação com o Centro de Controle
Operacional.
Durante
depoimentos, o maquinista havia afirmado que tentou improvisar travas
com pedaços de madeira, para evitar a movimentação do trem 1740. A
comissão de sindicância da CPTM, por sua vez, informou não ter
encontrado vestígios de madeira no local do acidente, e que portanto, a
tentativa de frear o trem não teria acontecido.
O
diretor de operações da época, João Zaniboni, disse em uma entrevista
algo bastante forte, que não reflete nada: ''temos que aprender com as
fatalidades''. Palavras do secretário de transportes metropolitanos,
Cláudio de Senna Frederico: 'se o maquinista tivesse cumprido as normas,
não teria acontecido o acidente. O trem estava parado, não foi calçado,
e desceu a ladeira' (Folha Online, 12.08.2000). Mas fica a dúvida: o
trem precisava ser calçado para não descer?
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Acidente em Perus |
A
CPTM atribuiu a tragédia a um ato de vandalismo. Sindicância interna
apontou que houve ação direta de pessoa não identificada no
destravamento dos freios de estacionamento enquanto o trem aguardava
reparo. Osvaldo Pierucci chegou a ser responsabilizado por autoridades
estaduais, mas a apuração foi contestada pelo Instituto de
Criminalística. Laudo final do IC concluiu que a culpa pelo acidente era
da CPTM. Entre as causas estava o fato de que "não havia calços
adequados e disponíveis nas cabines de comando da composição".
Na época, a CPTM divulgou nota oficial com as seguintes informações:
1. Às 19h15, ocorreu, por motivos ainda indeterminados, queda da rede de alimentação elétrica dos trens, entre Jaraguá e Perus, na Linha A (Brás-Francisco Morato). O problema ocasionou interrupção na circulação de trens nas duas vias existentes, motivando o acionamento, pela CPTM, da Operação PAESE (Programa de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência) para transportar, por ônibus, os passageiros no trecho afetado entre Pirituba e Perus. Simultaneamente, o Centro de Controle Operacional (CCO) da CPTM passou a operar os trens nas extremidades da linha, entre Brás e Pirituba e entre Perus e Francisco Morato.
2. Uma composição, já evacuada, permaneceu estacionada com seu maquinista e auxiliar a bordo, entre Jaraguá e Perus, seguindo os procedimentos usuais de segurança, com o acionamento de freio de serviço e de estacionamento e rodas do trem calçadas.
3. Às 21h15, o maquinista informou ao CCO que o trem estava se movimentando e tentou brecá-lo novamente. Ciente do risco de colisão com outro trem, estacionado na plataforma de Perus, embarcando passageiros com destino a Francisco Morato, tomou as seguintes providências:
- Chamou, via rádio, o maquinista do trem estacionado em Perus para que este procurasse movimentar a composição no sentido de Francisco Morato. Infelizmente, não foi possível realizar a fuga devido ao rompimento da rede aérea, provocado pelo trem desgovernado.
- Diante do perigo iminente, o maquinista do trem descontrolado, após tentativa de calçá-lo, pediu, sem sucesso, por rádio, a evacuação do trem estacionado em Perus.
- Como medida extrema, o CCO tento evitar o choque dos trens com o acionamento de chave de desvio de via visando descarrilar a composição sem passageiros. A iniciativa foi infrutífera.
4. A colisão provocou, num primeiro momento, 9 mortos e 48 feridos.
Veja uma compilação dos vídeos informativos da época:
Diante de todas as informações que tivemos acesso, tirou-se algumas conclusões:
- Os trens série 1700 não eram dotados de sistemas de freios confiáveis (tanto que em 1995, uma composição rodou desgovernada entre Vila Clarice e Piqueri)
- A rede aérea sofreu queda de energia, a terceira naquela semana. Não havia manutenção corretiva.
- O secretário de transportes foi um tanto enfático ao criticar a CPTM, jogando toda a culpa na empresa, visto que a Companhia é subordinada do estado.
- Após o acidente, medidas cautelares foram tomadas, algo que deveria ser feito com maior regularidade.
Atualmente
Foto: Diego Silva / CPTM em Foco |
Atualmente,
a rotina diária na estação de Perus segue, como se praticamente nada
tivesse acontecido. Muitos dos usuários sequer sabem que ali aconteceu
tamanha tragédia há onze anos atrás. Em visita à estação de Perus, para
realização de alguns registros fotográficos para compor essa matéria,
notou-se uma mera tranquilidade, com usuários em suas rotinas. Acima, a
foto de um trem série 1100, igual à composição que recebeu a colisão do
trem desgovernado da série 1700. A cena pode ser imaginada observando
essa imagem, pois de 2000 para cá, apenas a cobertura na plataforma não
fazia parte da cena trágica.
Foto: Diego Silva / CPTM em Foco |
A
estação foi reconstruída, usando a mesma base de antes. Não foi
necessária uma obra de grande magnitude, e ainda é possível observar os
prédios históricos preservados. As plataformas ganharam cobertura, e a
passarela foi recolocada em seu lugar (nas primeiras imagens, é possível
ver a passarela derrubada, com o impacto dos trens). O fluxo de
passageiros aumentou muito desde 2000, fazendo da Linha 7-Rubi uma das
mais movimentadas do sistema. Com a chegada de alguns trens novos,
iniciou-se a mudança de imagem da CPTM, que investe para garantir um
transporte de qualidade para seus usuários.
Foto: Diego Silva / CPTM em Foco |
Os
trens envolvidos no acidente de Perus foram perdidos, pois a colisão
destruiu ambos. Na imagem acima, nota-se dois exemplares iguais das
frotas envolvidas: série 1100 e série 1700. Esses trens não deixaram de
circular em nenhum momento na Linha 7, onde prestam serviços com grande
destreza. A mudança, de 2000 para cá, foi a modernização da série 1700,
que passou por revisão geral, ganhando inclusive, novos sistemas de
freios, mais seguros e confiáveis que os anteriores.
Fica
aqui registrado mais um aniversário do acidente. O Blog CPTM em Foco
deixa sua homenagem póstuma às vítimas do acidente de Perus, e os
sentimentos para os familiares das vítimas.
Arnaldo Alves Santos, 39 anos;
Daniele Carachesque Vieira, 11 anos;
Elzo de Jesus Santos;
Leandro Pereira Bernardes, 20 anos;
Luiz Ferreira Lima, 44 anos;
Paulo Martuchi, 60 anos;
Redva Maria dos Santos Santana, 35 anos;
Selmo Quintal, 24 anos;
Maria Bernadete dos Santos.
As informações aqui exibidas foram digitadas de acordo com informações da Folha de São Paulo, onde seu portal exibe notícias da época.
Arnaldo Alves Santos, 39 anos;
Daniele Carachesque Vieira, 11 anos;
Elzo de Jesus Santos;
Leandro Pereira Bernardes, 20 anos;
Luiz Ferreira Lima, 44 anos;
Paulo Martuchi, 60 anos;
Redva Maria dos Santos Santana, 35 anos;
Selmo Quintal, 24 anos;
Maria Bernadete dos Santos.
As informações aqui exibidas foram digitadas de acordo com informações da Folha de São Paulo, onde seu portal exibe notícias da época.
As
notícias veiculadas acima, na forma de clipping, são acompanhadas dos
respectivos créditos quanto ao veículo e ao autor, não sendo de
responsabilidade do blog Diário da CPTM
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